Leituras de Janeiro


Meu ano com os livros começou promissor, estava lendo num ritmo muito bom e me rendeu logo três leituras rapidamente, entretanto, a temida ressaca literária chegou novamente no quarto livro de 2019 e depois não consegui ler mais nada mas um consolo é que já estou interessada em alguns livros para as próximas leituras. Sendo assim, quero compartilhar as resenhas dos livros que finalizei em janeiro.

Um assassinato na linha verde do metrô de São Paulo é o que liga as treze pessoas apresentadas em Todo Mundo Merece Morrer, romance de estreia de Clarissa Wolff, publicado em 2018 pela editora Verus. Em cada capitulo temos um personagem, desde o herói, quem tenta assegurar que não ocorra outro assassinato e o vilão, quem dispara a arma e mata uma pessoa. 

No decorrer dos capítulos Clarissa Wolff também nos apresenta uma escrita diferente. Dentre estes, ela utiliza o presente e o passado de cada pessoa em textos correntes, em outras o coloquialismo é extremamente presente, há também o texto da vitima, que conta depois de morta o dia no qual foi morta. E, é interessante como a autora nos coloca além dos diversos tipos de texto, narrativas surpreendentes mas acontecimentos muito reais. 

A cada página que passamos durante a leitura que beira a ficção e a realidade, é despertado em nós o questionamento sobre o título do livro: quem merece morrer? O herói da linha verde imagina que salvou as outras vidas mas depois nos é apresentada suas respectivas histórias, uma garota que matou a irmã, dois amigos que mataram o terceiro, uma mulher que trai o marido, uma professora de classe media alta que é preconceituosa e racista, e outras histórias não longe da realidade mas será que algum deles merecia morrer ou merecia mais que o outro? 

Com uma narrativa que prende e incomoda, o final do livro também nos faz refletir após o termino do livro. O que me fez aderir 3 estrelas para o livro acho que foi mais por meu momento de leitura, talvez não tenha sido o momento certo para mim e o livro não me agradou tanto, foi uma leitura fluida e rápida entretanto o livro é muito pesado em seus relatos e por ter visto duas pessoas em que confio muito nas indicações terem lido o livro, coloquei muita expectativa (estava esperando algo como um thriller) mas não posso deixar de reconhecer as qualidades dele,  Todo Mundo Merece Morrer é um bom livro. 

Duas Narrativas Fantásticas foi meu primeiro contato com Fiódor Dostoiévski, mais  precisamente “O Sonho de Um Homem Ridículo”, mas como li a edição da Editora 34 que contem esse e o “A Dócil” li também esse conto depois, e foi uma grata surpresa pois ambos os contos me surpreenderam mas o segundo foi mais marcante pra mim e explicarei  o porquê ao longo do texto.

Bem, ambas histórias tratam sobre morte, na primeira, sendo A Dócil e a segunda O Sonho de Um Homem Ridículo (eu que li ao contrário mesmo), e também tem em comum um narrador que conta os fatos e conversa com o leitor, assim como Machado de Assis, e foi esse um dos fatos de eu ter gostado mais do primeiro conto.

Em A Dócil, o narrador – vou  chama-lo assim pois nem o nome dele nem o da menina é citado – acaba de perder a esposa e então começa a refletir sobre os fatos que antecederam o ocorrido, desde que ele a conhecera, e então temos uma volta no tempo para contar a história, o narrador é o dono de uma casa de penhor e a menina levava objetos para penhorar e assim obter dinheiro para colocar anúncios no jornal para conseguir emprego. O narrador então começa a se apaixonar pela moça e então um dia ela é pedida em casamento não só por ele mas também um comerciante, mas decide por se casar com o narrador. Dai então se passam os fatos sobre a relação deles, brigas, desconfianças e um relacionamento pesado e abusivo.

Desde o inicio da trama, o narrador se mostra como superior a menina, por ter dinheiro e por acreditar ter salvado ela de uma vida pior. Além disso, ele demonstra orgulho pela profissão, onde as pessoas iam se desfazer dos bens para conseguir dinheiro e depois tentar recupera-lo. Aqui não sei explicar muito bem mas tem um vídeo sobre esse livro que explica melhor o caráter do narrador e ajuda a entender seus pensamentos e assim, compreender melhor a história.

A Dócil em muito me lembra Dom Casmurro, a narrativa, a escrita, e por isso me marcou mais, acho que a história também me prendeu mais que a outra, apesar de ter passado mais tempo lendo essa do que o outro conto em que levei uma hora pra ler tudo e nem precisei ver sobre o conto pra compreender melhor.

Em O Sonho de Um Homem Ridículo, Dostoiévski nos traz um narrador que pensa em cometer suicídio mas ao pegar o revolver ele começa a pensar e acaba dormindo, durante o sono ele tem um sonho, nele ele viaja a um planeta utópico, onde não há maldade, não há leis e as pessoas só amam. Ele conta do quão fantástico achou que aquele mundo era mas nos surpreende ao longo da narrativa sobre algo que acontece com a ida dele a esse planeta.

Mesmo tendo gostado mais de A Dócil, o segundo conto me surpreendeu mais e senti que realmente estava lendo algo novo, pela escrita e história, acho que clássicos me trazem mais isso e é o que tenho buscado nas minhas leituras. A narrativa foi muito mais fluida que a do primeiro conto, que demorei pra pegar o ritmo da leitura mas ambas são ótimas histórias e nos fazem querer ler mais do autor, já até coloquei mais livros dele como próximas leituras. Além de ter sido meu primeiro contato com o autor, foi também com autores russos, que tenho interesse em descobrir mais também. Recomendo o livro e o autor a todos pois com certeza é uma ótima leitura e agregado ao repertório.

Que faíscas levaram ao incêndio na casa dos Richardson é a premissa para a história de Pequenos Incêndios Por Toda Parte, da autora Celeste Ng, lançado em 2017 pela editora Intrínseca. No primeiro capitulo a autora já nos conta quem causou o incêndio na casa, ou melhor, os pequenos incêndios, visto que foram colocados pequenas fontes de chamas pela casa. E então há uma volta no tempo para quando Elena Richardson aluga uma casa para Mia Warren e sua filha, Pearl.

A história se passa em Shaker Heights, onde tudo é planejado e parece perfeito, quando a família Richardson aluga a casa para as Warren, há então o conflito pelas diferenças das duas famílias, enquanto a primeira vive muito bem financeiramente e é composta pelos pais e quatro filhos, Lexie, Trip, Moody e Izzy, a segunda é mais pobre e composta pela mãe, Mia e a filha, Pearl. O primeiro a conhece-las é Moody, o qual fica muito próximo de Pearl, ela então passa a frequentar a casa dos Richardson e conhecer um mundo totalmente diferente do dela. Enquanto isso, Izzy, a mais diferente de todos da casa, passa então a frequentar a casa de Mia. E ai começam os conflitos, as intrigas, descobertas e reviravoltas.

O livro é muito bem escrito, a narrativa me prendeu desde o começo, me apeguei aos personagens e sempre ficava ansiosa pelo que ia acontecer, principalmente pelas reviravoltas que são de cair o queixo! Não esperava por nada do que aconteceu e por isso o livro foi uma grata surpresa, minha única queixa é pela linha do tempo, o livro começa no final e depois volta no tempo e até ai ok, mas a autora ao longo da narrativa as vezes parava o que estava acontecendo e contava uma história antes dessa, por exemplo, ela para e conta, a história da Elena, da Bebe e outros personagens que não mencionei na resenha, algumas histórias são realmente relevantes para entender melhor o que vai acontecendo mas algumas foram muito longas e acabei me cansando um pouco ao ler. Alguns relatos são para nossa compreensão e são as reviravoltas e o final do livro é realmente impactante.

Como disse, ele começa do final então depois que terminei tive que voltar no começo para saber o que acontecia depois e achei muito legal a experiência.  Após o termino da leitura  fiquei querendo um pouco mais da autora e por isso já adicionei o outro livro dela, Tudo O Que Nunca Contei, na lista de próximas leituras!





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